América para três
01/07/2011 12:23
43ª edição do torneio de futebol mais antigo do mundo começa hoje, com três únicos, e fortes, candidatos à taça
A taça da Copa América merece destaque na sala de qualquer seleção do continente. Ela representa o título de um torneio de seleções disputado desde 1916, reconhecido pela Fifa como o mais antigo do planeta. Significa também a vitória sobre seleções maiúsculas, já que Brasil, Argentina e Uruguai ganharam nove títulos da Copa do Mundo. Além disso, sete seleções da Copa América estiveram nas oitavas de final do Mundial da África do Sul, no ano passado.
A 43ª edição da Copa América vai adicionar novos parágrafos a essa história de valor. A Argentina, dona da casa, não vence o título sul-americano desde 1993, perdeu as duas últimas finais para o Brasil e está faminta pela conquista. Os brasileiros buscam, portanto, um tricampeonato legítimo, agora sob o comando do técnico Mano Menezes, que está em sua primeira competição oficial.
Brasil e Argentina é a final esperada por todos. Essa disputa particular está simbolizada na genialidade de seus craques: Neymar, a joia que acabou de conquistar a Libertadores pelo Santos, vai encarar Messi, um diamante já lapidado, que foi eleito o melhor do mundo nos últimos dois anos e comanda o Barcelona campeão europeu.
O Uruguai é a terceira força. Depois do quarto lugar no Mundial da África do Sul e da presença do Peñarol na final da Libertadores, o futebol uruguaio ressurgiu no cenário mundial, capitaneada por Diego Forlán, Lugano e Cavani.
Estrutura
A Copa América deste ano, no entanto, é mais do que um torneio de futebol. É uma festa para a afirmação futebolística, cultural e histórica do povo argentino. Por isso, o torneio será igualmente portentoso fora de campo. Os jogos serão transmitidos em alta definição para 198 países. Com investimentos de R$ 160 milhões, a Argentina transformou o Estádio Ciudad de La Plata na primeira arena coberta do continente.
A arena em La Plata possui telão, uma cobertura inédita na América do Sul e cinco mil vagas de estacionamento. Para abrigar eventos, os construtores garantem que o gramado pode ser tirado e recolocado em dois dias. Esse palco suntuoso receberá as estreias da Argentina, nesta sexta-feira, contra a Bolívia, e do Brasil, contra a Venezuela, no domingo. E vai abrigar ainda três jogos na fase de grupos, uma semifinal e a decisão do terceiro lugar.
Único estádio novo da competição continental, com um orçamento de cerca de R$ 33,7 milhões, o Bicentenário vai abrigar 25 mil pessoas para jogos até as quartas de final.
O estádio 23 de Agosto, em San Salvador de Jujuy, é um dos mais modestos. Apesar de ser a casa do Gimnasia y Esgrima de Jujuy, da segunda divisão, foi reformado com recursos do poder público. Em Santa Fé, a divisão da conta ficou mais clara. A reforma do Estanislao López ficou a cargo do Colón. A província de Santa Fé investiu R$ 7,8 milhões em obras de infraestrutura, segurança e melhoria das condições sanitárias.
Mas a grande final será mesmo no principal estádio da Argentina: o Monumental de Núñez, em Buenos Aires. Guardado no imaginário coletivo do povo argentino como o ninho da mítica conquista da Copa de 1978, a primeira do país, a arena do River Plate virou uma espécie de templo sagrado.
História
Ao longo de suas 42 edições, o torneio se caracterizou pela rivalidade histórica entre Brasil e Argentina (14 taças), além da força do futebol uruguaio (14) - juntas, essas seleções venceram 36 vezes a Copa América, sendo que os brasileiros estão atrás nessa disputa, com oito troféus.
Em 2011, Neymar e Messi são os herdeiros dessa tradição. Os craques do momento correm atrás de um título que seus respectivos mestres não ganharam. Pelé, tricampeão mundial com a Seleção, só disputou a edição de 1959, quando foi o artilheiro com oito gols, mas vice-campeão. Já Diego Maradona, campeão do mundo em 1986, disputou o torneio três vezes (1979, 1987 e 1989), mas bateu na trave em todas elas.
Saiba mais
Vencedores
A anfitriã Argentina tem 14 títulos, conquistados em 1921, 1925, 1927, 1929, 1937, 1941, 1945, 1946, 1947, 1955, 1957, 1959, 1991 e 1993. O Uruguai também venceu 14 vezes, em 1916, 1917, 1920, 1923, 1924, 1926, 1935, 1942, 1956, 1959, 1967, 1983, 1987 e 1995. O Brasil levou oito, 1919, 1922, 1949, 1989, 1997, 1999, 2004 e 2007.
Peru e Paraguai têm duas conquistas: 1939/1975 e 1953/ 1979, respectivamente. A Bolívia foi campeã em 1963 e a Colômbia em 2001
Fim do Jejum
Na Copa América de 1989, realizada do Brasil, a Seleção contava 40 anos da última conquista continental. Na final, contra o Uruguai, no Maracanã, Romário fez o único gol do jogo, de cabeça, para a festa dos 170 mil torcedores, recorde do torneio
18 ANOS SEM TÍTULOS
Em casa, Argentina tenta pôr fim ao jejum
A Argentina estreia na Copa América hoje, às 21h45, no Estádio Ciudad de La Plata, em La Plata, enfrentando a modesta Bolívia pelo Grupo A. Os argentinos carregam nas costas o peso de um jejum de 18 anos. O último troféu de relevância erguido pelos platinos aconteceu em 1993, quando ganharam justamente uma Copa América.
De lá para cá o máximo que a Argentina conseguiu foram vice-campeonatos, como nas duas últimas edições, quando foi superada pela Seleção Brasileira na grande decisão. Em Copas do Mundo acabou eliminada nas oitavas de final em 1994, nas quartas de final em 1998, 2006 e 2010, além da vergonhosa campanha em 2002, quando sequer passou da primeira fase. Portanto, atuando dentro de casa, o técnico Sergio Batista está ciente da pressão que vai ter.
Pressão no 10
"Nós sabemos que os argentinos sonham muito com esta conquista e vamos fazer de tudo para não decepcioná-los", disse Batista. Quem estará mais pressionado no grupo argentino é o craque Lionel Messi, que vem sendo criticado por não conseguir repetir com a camisa da seleção de seu país as grandes atuações do Barcelona. O jogador, porém, é defendido pelo treinador. "Temos a sorte de ter o maior jogador do mundo em nosso país e confio plenamente no Messi para a disputa da Copa América. Ele pode definir um jogo a qualquer momento e não precisa provar mais nada para ninguém", disse Batista
Para esta estreia, o treinador não quis confirmar a equipe, mas a única dúvida de Batista está no ataque, onde Angel Di María disputa posição com o parceiro Carlos Tevez.
A taça da Copa América merece destaque na sala de qualquer seleção do continente. Ela representa o título de um torneio de seleções disputado desde 1916, reconhecido pela Fifa como o mais antigo do planeta. Significa também a vitória sobre seleções maiúsculas, já que Brasil, Argentina e Uruguai ganharam nove títulos da Copa do Mundo. Além disso, sete seleções da Copa América estiveram nas oitavas de final do Mundial da África do Sul, no ano passado.
A 43ª edição da Copa América vai adicionar novos parágrafos a essa história de valor. A Argentina, dona da casa, não vence o título sul-americano desde 1993, perdeu as duas últimas finais para o Brasil e está faminta pela conquista. Os brasileiros buscam, portanto, um tricampeonato legítimo, agora sob o comando do técnico Mano Menezes, que está em sua primeira competição oficial.
Brasil e Argentina é a final esperada por todos. Essa disputa particular está simbolizada na genialidade de seus craques: Neymar, a joia que acabou de conquistar a Libertadores pelo Santos, vai encarar Messi, um diamante já lapidado, que foi eleito o melhor do mundo nos últimos dois anos e comanda o Barcelona campeão europeu.
O Uruguai é a terceira força. Depois do quarto lugar no Mundial da África do Sul e da presença do Peñarol na final da Libertadores, o futebol uruguaio ressurgiu no cenário mundial, capitaneada por Diego Forlán, Lugano e Cavani.
Estrutura
A Copa América deste ano, no entanto, é mais do que um torneio de futebol. É uma festa para a afirmação futebolística, cultural e histórica do povo argentino. Por isso, o torneio será igualmente portentoso fora de campo. Os jogos serão transmitidos em alta definição para 198 países. Com investimentos de R$ 160 milhões, a Argentina transformou o Estádio Ciudad de La Plata na primeira arena coberta do continente.
A arena em La Plata possui telão, uma cobertura inédita na América do Sul e cinco mil vagas de estacionamento. Para abrigar eventos, os construtores garantem que o gramado pode ser tirado e recolocado em dois dias. Esse palco suntuoso receberá as estreias da Argentina, nesta sexta-feira, contra a Bolívia, e do Brasil, contra a Venezuela, no domingo. E vai abrigar ainda três jogos na fase de grupos, uma semifinal e a decisão do terceiro lugar.
Único estádio novo da competição continental, com um orçamento de cerca de R$ 33,7 milhões, o Bicentenário vai abrigar 25 mil pessoas para jogos até as quartas de final.
O estádio 23 de Agosto, em San Salvador de Jujuy, é um dos mais modestos. Apesar de ser a casa do Gimnasia y Esgrima de Jujuy, da segunda divisão, foi reformado com recursos do poder público. Em Santa Fé, a divisão da conta ficou mais clara. A reforma do Estanislao López ficou a cargo do Colón. A província de Santa Fé investiu R$ 7,8 milhões em obras de infraestrutura, segurança e melhoria das condições sanitárias.
Mas a grande final será mesmo no principal estádio da Argentina: o Monumental de Núñez, em Buenos Aires. Guardado no imaginário coletivo do povo argentino como o ninho da mítica conquista da Copa de 1978, a primeira do país, a arena do River Plate virou uma espécie de templo sagrado.
História
Ao longo de suas 42 edições, o torneio se caracterizou pela rivalidade histórica entre Brasil e Argentina (14 taças), além da força do futebol uruguaio (14) - juntas, essas seleções venceram 36 vezes a Copa América, sendo que os brasileiros estão atrás nessa disputa, com oito troféus.
Em 2011, Neymar e Messi são os herdeiros dessa tradição. Os craques do momento correm atrás de um título que seus respectivos mestres não ganharam. Pelé, tricampeão mundial com a Seleção, só disputou a edição de 1959, quando foi o artilheiro com oito gols, mas vice-campeão. Já Diego Maradona, campeão do mundo em 1986, disputou o torneio três vezes (1979, 1987 e 1989), mas bateu na trave em todas elas.
Saiba mais
Vencedores
A anfitriã Argentina tem 14 títulos, conquistados em 1921, 1925, 1927, 1929, 1937, 1941, 1945, 1946, 1947, 1955, 1957, 1959, 1991 e 1993. O Uruguai também venceu 14 vezes, em 1916, 1917, 1920, 1923, 1924, 1926, 1935, 1942, 1956, 1959, 1967, 1983, 1987 e 1995. O Brasil levou oito, 1919, 1922, 1949, 1989, 1997, 1999, 2004 e 2007.
Peru e Paraguai têm duas conquistas: 1939/1975 e 1953/ 1979, respectivamente. A Bolívia foi campeã em 1963 e a Colômbia em 2001
Fim do Jejum
Na Copa América de 1989, realizada do Brasil, a Seleção contava 40 anos da última conquista continental. Na final, contra o Uruguai, no Maracanã, Romário fez o único gol do jogo, de cabeça, para a festa dos 170 mil torcedores, recorde do torneio
18 ANOS SEM TÍTULOS
Em casa, Argentina tenta pôr fim ao jejum
A Argentina estreia na Copa América hoje, às 21h45, no Estádio Ciudad de La Plata, em La Plata, enfrentando a modesta Bolívia pelo Grupo A. Os argentinos carregam nas costas o peso de um jejum de 18 anos. O último troféu de relevância erguido pelos platinos aconteceu em 1993, quando ganharam justamente uma Copa América.
De lá para cá o máximo que a Argentina conseguiu foram vice-campeonatos, como nas duas últimas edições, quando foi superada pela Seleção Brasileira na grande decisão. Em Copas do Mundo acabou eliminada nas oitavas de final em 1994, nas quartas de final em 1998, 2006 e 2010, além da vergonhosa campanha em 2002, quando sequer passou da primeira fase. Portanto, atuando dentro de casa, o técnico Sergio Batista está ciente da pressão que vai ter.
Pressão no 10
"Nós sabemos que os argentinos sonham muito com esta conquista e vamos fazer de tudo para não decepcioná-los", disse Batista. Quem estará mais pressionado no grupo argentino é o craque Lionel Messi, que vem sendo criticado por não conseguir repetir com a camisa da seleção de seu país as grandes atuações do Barcelona. O jogador, porém, é defendido pelo treinador. "Temos a sorte de ter o maior jogador do mundo em nosso país e confio plenamente no Messi para a disputa da Copa América. Ele pode definir um jogo a qualquer momento e não precisa provar mais nada para ninguém", disse Batista
Para esta estreia, o treinador não quis confirmar a equipe, mas a única dúvida de Batista está no ataque, onde Angel Di María disputa posição com o parceiro Carlos Tevez.