Maicon pode se tornar primeiro brasileiro tricampeão da competição

15/07/2011 07:00

 

Com uma força física que impressiona até os adversários, Maicon coloca Daniel Alves no banco, volta a ser o lateral-direito titular da seleção

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"Ele é uma máquina."

A constatação, espantada, foi feita pelo equatoriano Felipe Caicedo, após a derrota por 4 a 2 para o Brasil. O alvo da admiração era Maicon. Reserva nos dois primeiros jogos da Copa América, o lateral aproveitou a chance para confirmar: é o dono da posição. Volta o cenário vigente durante toda a era Dunga. Ele como titular da lateral direita. Daniel Alves no banco.

A velocidade e a força física estonteantes do ala da Inter de Milão, da Itália, foram as principais razões para a seleção ter se classificado em primeiro no Grupo B. Mano Menezes já deixou claro: ele não vai sair mais do time. "Maicon nos deu aquilo que queríamos. Passagem, mais tranquilidade... A seleção cresceu pelo lado direito. A opção do momento foi acertada", explicou o treinador.

É consenso que o Brasil tem, atualmente, os dois melhores atletas da posição no planeta. Muitos acham, aliás, que Daniel Alves está acima. Mano, possivelmente, estava entre eles, pois o escalou no início da Copa América. Mas o jogador do Barcelona possui característica mais clássica. Poderia facilmente atuar como meia.

Quando recebe a bola, Daniel tem a tendência de cortar para o meio, em vez de buscar a linha de fundo. Maicon é um bólido na passagem pelas costas do marcador. Ainda fez Robinho subir de rendimento, já que o atacante estava sozinho demais pelo lado direito.

"Eu sempre disse que estava contente por estar aqui na seleção", afirmou, após a classificação. Diferente dos outros no futebol, mas igual nas entrevistas. "Não se poderia esperar nada diferente do Brasil. A Copa América é um torneio que a gente se acostumou a ganhar nos últimos anos."

Tri/ Solitário brasileiro a entrar na seleção dos melhores do último Mundial, Maicon pode fazer história na Argentina. É o único presente nos títulos de 2004 e 2007 da Copa América. Tem a chance de ser o primeiro atleta do país a se sagrar tricampeão do torneio. "Poderia estar nessa, também, mas tive lesão em 2007 e fiquei fora", conta o goleiro Júlio César.

A locomotiva é o símbolo do inédito domínio brasuca no continente. Maicon é diferente de Daniel Alves dentro de campo e também fora dele. O antes titular é extrovertido. Vai com Robinho e Neymar para todos os cantos. Tem trânsito entre os veteranos e os mais jovens. Maicon, por sua vez, é pacato. Não fica para as brincadeiras de disputa de pênaltis contra os goleiros após os treinos. Fala pouco com os jornalistas e com os próprios companheiros.

Depois da Copa América, os dois poderão ser rivais. O Real Madrid tem no titular da seleção uma das suas prioridades no mercado europeu. "Agora é Brasil. Só falo sobre transferência depois", respondeu, lacônico, quando questionado. A Inter de Milão alinhavou a contratação de Jonathan, ex-Santos, para substituí-lo.

No caminho da terceira conquista de Maicon, está o Paraguai. No empate da primeira fase (2 a 2), ele ficou no banco e Daniel Alves errou feio em lance que resultou no segundo gol do adversário. Agora, o dono da posição está de volta.

Compreeensivo

"Não me incomodava ver o Daniel jogando pela equipe titular. Ninguém gosta de ficar fora, é claro. Mas eu tinha de entender a decisão do Mano"

Maicon
Lateral da seleção

 

Alex Sabino e Jorge Nicola / Buenos Aires
DIÁRIO SP