Princípio de incêndio foi "causa externa", diz laudo
O laudo descartou que o princípio de incêndio tenha sido causado por curto-circuito. Uma das hipóteses é de que foi uma ação criminosa
O princípio de incêndio registrado no Instituto Doutor José Frota (IJF), no último dia 2, virou caso de Polícia. O delegado Everardo Lima, do 34º Distrito Policial (DP), no Centro, vai abrir inquérito para apurar o caso. Isso porque o laudo da Perícia Forense do Ceará (Pefoce) descartou que o princípio de incêndio tenha sido provocado por curto circuito ou pane elétrica. Uma das hipóteses é de que o princípio de incêndio tenha sido provocado propositadamente. “O laudo não conclui que o incidente é de origem criminosa, mas há essa possibilidade. Temos que apurar”, lembra o delegado. O documento da Perícia indica apenas que a causa foi externa. “O laudo aponta que foi causado por uma chama aberta no piso de um dos pavimentos do hospital”, informa Everardo. O delegado reforça não ser possível afirmar que houve ação criminosa. “Pode ter sido, inclusive, uma ponta de cigarro”, exemplifica. A hipótese é questionável porque é proibido fumar nas dependências do hospital. A área onde ocorreu o princípio de incêndio fica no terceiro andar do IJF. Como no local há cabeamento que fornece energia para o centro cirúrgico, suspeitou-se de um curto-circuito. “Mas essa hipótese foi descartada pelos peritos. Não foi problema nas instalações elétricas”, afirma o delegado. O Instituto Doutor José Frota (IJF) se pronunciou apenas por meio de nota, enviada pela assessoria de imprensa. “O documento (da Perícia) atesta a qualidade das nossas instalações elétricas e nossa rotina de manutenção. É a comprovação científica que o incidente não foi causado por problemas estruturais do IJF. De acordo com o laudo, o curto-circuito foi provocado por causas externas. O hospital tem total interesse e dará todo o suporte e acompanhamento necessário para uma investigação exitosa dos órgãos competentes”. O delegado deve instaurar o inquérito hoje. “Vou analisar o laudo e iniciar os trabalhos a partir do zero. Vamos ouvir muitas pessoas”, diz, sem dar mais detalhes. Susto O POVO tentou ouvir o perito-geral da Pefoce, Maximiano Leite, mas ele estava viajando e sugeriu que a reportagem conversasse com o delegado Everardo Lima, E agora O inquérito policial pretende esclarecer se o princípio de incêndio no IJF foi ou não uma ação criminosa. A investigação buscará pistas para responder a uma pergunta: quem teria interesse em causar mais um tumulto do tipo no hospital? ENTENDA O CASO O princípio de incêndio foi registrado na madrugada do último dia 2. O hospital esvaziou parte dos corredores . Um ano antes, o IJF havia passado por situação semelhante. Não houve mortes, mas todos os pacientes do terceiro andar tiveram que ser deslocados para a emergência, no térreo. Centro cirúrgico, exames de imagem e laboratoriais ficaram suspensos. E o terceiro andar, isolado. Foram 45 minutos até que a energia voltasse a ser estabelecida pela Coelce. Havia um paciente em cirurgia vascular. A operação foi pausada e, seis horas depois, concluída, segundo o hospital. Quatro pacientes que aguardavam ser operados foram transferidos para outros hospitais. Um ano antes, o hospital sofreu um princípio de incêndio. Pacientes foram levados para o pátio externo e ruas do entorno do IJF. SAIBA MAIS Na tarde de ontem, O POVO foi até o IJF para tentar uma entrevista com alguém do hospital. A assessoria de imprensa informou que só se pronunciaria por nota por se tratar de um caso ainda em investigação. O telefone celular do superintendente do IJF, Messias Barbosa, estava desligado. A informação é que ele estava em reunião no gabinete da prefeita Luizianne Lins. O Instituto Doutor José Frota é o maior hospital de urgência e emergência do Ceará e funciona como uma autarquia da Prefeitura. Chama aberta é um termo usado em laudos da Perícia para indicar que o incêndio foi causado por um agente como chama de vela, fósforo, fogão, cigarro mal apagado, etc. O termo não indica se a causa do incêndio foi proposital ou acidental. Princípio de incêndio no IJF assustou servidores e pacientes (KLÉBER A. GONÇALVES)
Tiago Braga
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