Princípio de incêndio foi "causa externa", diz laudo

12/05/2011 08:30

O laudo descartou que o princípio de incêndio tenha sido causado por curto-circuito. Uma das hipóteses é de que foi uma ação criminosa

Princípio de incêndio no IJF assustou servidores e pacientes (KLÉBER A. GONÇALVES)Princípio de incêndio no IJF assustou servidores e pacientes (KLÉBER A. GONÇALVES)

O princípio de incêndio registrado no Instituto Doutor José Frota (IJF), no último dia 2, virou caso de Polícia. O delegado Everardo Lima, do 34º Distrito Policial (DP), no Centro, vai abrir inquérito para apurar o caso. Isso porque o laudo da Perícia Forense do Ceará (Pefoce) descartou que o princípio de incêndio tenha sido provocado por curto circuito ou pane elétrica.
 

 

Uma das hipóteses é de que o princípio de incêndio tenha sido provocado propositadamente. “O laudo não conclui que o incidente é de origem criminosa, mas há essa possibilidade. Temos que apurar”, lembra o delegado.


O documento da Perícia indica apenas que a causa foi externa. “O laudo aponta que foi causado por uma chama aberta no piso de um dos pavimentos do hospital”, informa Everardo. O delegado reforça não ser possível afirmar que houve ação criminosa. “Pode ter sido, inclusive, uma ponta de cigarro”, exemplifica. A hipótese é questionável porque é proibido fumar nas dependências do hospital.


A área onde ocorreu o princípio de incêndio fica no terceiro andar do IJF. Como no local há cabeamento que fornece energia para o centro cirúrgico, suspeitou-se de um curto-circuito. “Mas essa hipótese foi descartada pelos peritos. Não foi problema nas instalações elétricas”, afirma o delegado.


O Instituto Doutor José Frota (IJF) se pronunciou apenas por meio de nota, enviada pela assessoria de imprensa. “O documento (da Perícia) atesta a qualidade das nossas instalações elétricas e nossa rotina de manutenção. É a comprovação científica que o incidente não foi causado por problemas estruturais do IJF. De acordo com o laudo, o curto-circuito foi provocado por causas externas. O hospital tem total interesse e dará todo o suporte e acompanhamento necessário para uma investigação exitosa dos órgãos competentes”.


O delegado deve instaurar o inquérito hoje. “Vou analisar o laudo e iniciar os trabalhos a partir do zero. Vamos ouvir muitas pessoas”, diz, sem dar mais detalhes.


Susto

Na madrugada do último dia 2, o centro cirúrgico e a sala de recuperação do IJF foram tomados por uma fumaça negra. Uma cirurgia vascular estava sendo realizada no momento. todos os pacientes do terceiro andar tiveram que ser deslocados para a emergência, no térreo.

 

O POVO tentou ouvir o perito-geral da Pefoce, Maximiano Leite, mas ele estava viajando e sugeriu que a reportagem conversasse com o delegado Everardo Lima,

 

E agora

ENTENDA A NOTÍCIA

O inquérito policial pretende esclarecer se o princípio de incêndio no IJF foi ou não uma ação criminosa. A investigação buscará pistas para responder a uma pergunta: quem teria interesse em causar mais um tumulto do tipo no hospital?

 

ENTENDA O CASO

 

O princípio de incêndio foi registrado na madrugada do último dia 2. O hospital esvaziou parte dos corredores . Um ano antes, o IJF havia passado por situação semelhante.


Não houve mortes, mas todos os pacientes do terceiro andar tiveram que ser deslocados para a emergência, no térreo. Centro cirúrgico, exames de imagem e laboratoriais ficaram suspensos. E o terceiro andar, isolado.


Foram 45 minutos até que a energia voltasse a ser estabelecida pela Coelce.


Havia um paciente em cirurgia vascular. A operação foi pausada e, seis horas depois, concluída, segundo o hospital.


Quatro pacientes que aguardavam ser operados foram transferidos para outros hospitais.


Um ano antes, o hospital sofreu um princípio de incêndio. Pacientes foram levados para o pátio externo e ruas do entorno do IJF.

 

SAIBA MAIS

 

Na tarde de ontem, O POVO foi até o IJF para tentar uma entrevista com alguém do hospital. A assessoria de imprensa informou que só se pronunciaria por nota por se tratar de um caso ainda em investigação.

 

O telefone celular do superintendente do IJF, Messias Barbosa, estava desligado. A informação é que ele estava em reunião no gabinete da prefeita Luizianne Lins.
 


O Instituto Doutor José Frota é o maior hospital de urgência e emergência do Ceará e funciona como uma autarquia da Prefeitura.


Chama aberta é um termo usado em laudos da Perícia para indicar que o incêndio foi causado por um agente como chama de vela, fósforo, fogão, cigarro mal apagado, etc. O termo não indica se a causa do incêndio foi proposital ou acidental.

 

 

Tiago Braga
tiagobraga@opovo.com.br